A Petrobras vai reajustar os valores da gasolina e do diesel a partir desta sexta-feira (19), nas refinarias. Com o novo aumento da gasolina - o quarto em 2021 - o preço do combustível vai acumular alta de 34,7% no ano. Em Campos o preço da gasolina está entre os mais caros do país, de acordo com levantamento feito esta semana pelo Campos 24 Horas, em comparação com outras cidades brasileiras. O preço médio da gasolina na planície é de R$ 5,20. O valor mais caro é de R$ 5,50.
O diesel também vai subir. O preço nas refinarias será de R$ 2,58 por litro, uma alta de 15,1%. Em seu terceiro reajuste anual, o diesel acumulará avanço de 27,7%.
A estatal explicou que os preços que são praticados e suas variações para mais ou para menos estão associados ao mercado internacional e à taxa de câmbio. Atualmente, o preço do petróleo se encontra acima de US$ 60, maior patamar desde o início de 2020.
A onda de frio que assola os Estados Unidos vem pressionando os preços do barril, já que há uma redução na produção nas refinarias americanas e um aumento no consumo por energia para aquecimento.
Nesta quinta-feira, o valor do barril superou os US$ 65, no maior patamar desde janeiro de 2020. No início da tarde desta quinta-feira, o barril do tipo Brent (referência para a Petrobras) subia 0,05%, a US$ 64,37.
"O alinhamento dos preços ao mercado internacional é fundamental para garantir que o mercado brasileiro siga sendo suprido sem riscos de desabastecimento pelos diferentes atores responsáveis pelo atendimento às diversas regiões brasileiras: distribuidores, importadores e outros refinadores, além da Petrobras", justificou a estatal em nota.
MERCADO INTERNACIONAL - Sergio Araújo, presidente da Abicom, que reúne as empresas importadoras de combustíveis, concorda que o reajuste reflete o avanço do preço do petróleo e dos derivados no mercado internacional.
Ele ressalta que há uma perspectiva de o viés de alta da commodity se intensificar por causa da demanda aquecida nos EUA e da retomada da atividade econômica global com o avanço da vacinação.
— Esse aumento de 10% para gasolina e 15% para o diesel foi elevado porque a Petrobras ficou algum tempo sem fazer reajustes. Além dos preços no exterior, o câmbio se mantém acima de R$ 5,40, sem tendência de baixa. Com esse reajuste, a gasolina está praticamente dentro da paridade internacional agora. Mas o diesel ainda tem espaço para mais altas. Está cerca de R$ 0,10 abaixo da paridade — calcula Araújo.
Na semana passada, os estouqes de petróleo dos EUA se reduziram em cerca de 7,2 milhões de barris com aumento do consumo por causa do frio, de acordo com dados do Departamento de Energia (DoE) do país divulgados nesta quinta-feira.
O número ficou acima da estimativa entre 2 milhões e 5,8 milhões de barris estimados por analistas de mercado, reforçando a previsão de que o barril se mantenha acima dos US$ 60.
Na visão de analistas e investidores, a pressão dos caminhoneiros sobre o governo para reduzir o custo do diesel pode ter ajudado a segurar os repasses no preço do combustível.
O presidente Jair Bolsonaro prometeu não interferir na Petrobras, mas chamou o presidente da estatal, Roberto Castello Branco, para uma reunião recente sobre o assunto.
No último dia 12, Bolsonaro enviou ao Congresso um projeto que altera a cobrança do ICMS sobre combustíveis. A proposta estabelece um valor fixo e único de ICMS sobre os combustíveis para todos os estados para reduzir o custo ao consumidor final.
— Essa mudança é importante e boa, já que tende a simplificar a tributação, reduzir os riscos de sonegação e melhorar a eficiência logística. Mas, por outro lado, não tende a reduzir os preços de forma imediata ao consumidor — avaliou Araújo.
A escalada do petróleo nos últimos dias para um patamar acima de US$ 60 deixa pouco espaço para a estatal represar os repasses para o preço de venda de combustíveis nas refinarias. Qualquer sinal de represamento deixaria uma sensação de falta de transparência, avaliou um especialista.
Nos últimos dias, aumentou a desconfiança dos investidores em relação à política de preços da estatal com a revelação de que trabalhava com um período de 12 meses para compensar a paridade internacional e evitar prejuízos, o que não havia sido informado antes.
MAIS REAJUSTES - Em relatório, Guilherme Sousa, economista da Ativa Investimentos, ressaltou que ainda há espaço para mais reajustes: “Nosso modelo aponta para potencial reajuste de mais 5%. Isso se dá uma vez que o preço da gasolina internacional segue sendo pressionado pelo preço do petróleo”.
Em nota, a Petrobras resslatou que o "equilíbrio competitivo é responsável pelas reduções de preços quando a oferta cresce no mercado internacional, como ocorrido ao longo de 2020".
A estatal registrou ainda que, até chegar ao consumidor, os preços têm acrescidos tributos federais e estaduais, custos para aquisição e mistura obrigatória de biocombustíveis, além das margens brutas das companhias distribuidoras e dos postos revendedores de combustíveis.
FONTE: CAMPOS 24 HORAS