Quando o talento não basta: Atleta de nível Internacional é ignorada pelo poder Público em Bom Jesus do Itabapoana
Apenas uma amostra do que os atletas brasileiros precisam enfrentar
Publicado em 30/04/2025 13:13
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Em um país que insiste em ignorar seus talentos fora dos campos de futebol, a história da atleta Laryssa Silva escancara o descaso das instituições com o esporte — especialmente em Bom Jesus do Itabapoana. Tricampeã brasileira de fisiculturismo, com títulos como Musa Trans, Miss e Wellness, Laryssa coleciona vitórias que a colocam no seleto grupo de atletas de elite no Brasil. Mas, ao contrário do que se espera para alguém com esse currículo, sua rotina não é cercada de apoio institucional ou reconhecimento público. Pelo contrário: ela enfrenta uma batalha desigual, não apenas contra os limites físicos da preparação, mas também contra a omissão de quem deveria apoiá-la.

Laryssa foi recentemente convidada por uma federação internacional de fisiculturismo natural para disputar uma competição na Itália — um feito que seria motivo de comemoração e mobilização imediata em qualquer município comprometido com o esporte e o desenvolvimento de seus talentos. Mas em Bom Jesus do Itabapoana, a resposta das autoridades se limitou a promessas não cumpridas, burocracias nebulosas e um silêncio institucional que beira o desprezo.

A atleta, que opta por manter seu corpo natural, sem o uso de hormônios, representa um perfil raro e respeitado até mesmo no cenário internacional. Seu convite para competir na Europa é um reflexo direto de seu talento, dedicação e ética esportiva. No entanto, o que deveria ser celebrado virou um novo capítulo da vergonhosa novela da falta de apoio aos atletas brasileiros — agora com a assinatura da Prefeitura de Bom Jesus do Itabapoana e da Secretaria Municipal de Esportes, que permanecem inertes diante de uma oportunidade histórica.

Laryssa não recebe sequer o Bolsa Atleta, programa pelo qual ela teria total direito a receber auxílio financeiro para suas competições. Mais do que isso, ela segue na preparação para a competição internacional contando com ajuda de patrocinadores, apoiadores e até com uma Vakinha Online, criada para tentar cobrir os custos que deveriam ser, no mínimo, compartilhados pelo poder público.

O município, que tanto se orgulha de suas raízes culturais e de seus nomes históricos, parece não reconhecer o valor de alguém que está prestes a levar o nome de Bom Jesus do Itabapoana ao continente europeu. Onde está a articulação da Secretaria de Esportes? Onde estão os ofícios solicitando apoio estadual ou federal? Onde está a mobilização da classe política local, que deveria agir como ponte e escudo dos nossos talentos?

O esporte não pode mais ser tratado como vitrine eleitoral ou moeda simbólica para discursos vazios. Laryssa é um exemplo claro de como o talento e o esforço individual não bastam quando o Estado vira as costas. É inadmissível que uma atleta com conquistas nacionais e reconhecimento internacional precise recorrer à solidariedade popular enquanto a Prefeitura permanece inerte, assistindo de camarote o risco de mais uma grande oportunidade ser desperdiçada.

Em tempos onde se fala tanto sobre inclusão, diversidade e protagonismo feminino, deixar uma atleta de altíssimo rendimento à própria sorte é não apenas uma omissão — é um retrato da hipocrisia institucional.

A população precisa estar atenta. O esporte transforma, educa, eleva e representa. E ignorar seus representantes é ignorar a si mesmo. Laryssa Silva não está apenas lutando por um título internacional — ela está, mais uma vez, lutando sozinha contra o abandono público.

 

Por: Wallace Beraldi

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