Não há como ignorar a despedida de um ídolo. Os 13 títulos conquistados em seis anos ilustraram o misto de emoções que tomou conta dos mais de 67 mil pessoas que estiveram presentes no Maracanã no domingo. Mas em meio a tudo isso, havia um jogo para encerrar a temporada.
No último ato de Gabigol com a camisa do Flamengo, o atacante vinha tendo atuação discreta como todo o restante do time. Mas o futebol honra seus ídolos: o camisa 99 conseguiu marcar um gol em sua despedida e ser ovacionado antes, durante e depois a partida.
O empate por 2 a 2 com o Vitória deixou importantes avaliações a serem feitas: o futuro sem Gabigol, a busca por um time consistente e quais lacunas precisam ser preenchidas em um 2025 recheado de competições.
As despedidas geram reflexões: o Flamengo pensa em sua versão 2025, sob comando e assinatura de Filipe Luís, agora sem Gabigol. Será um novo ano. Outra perspectiva. O início da construção de uma nova história, que começará nos Estados Unidos e terá Supercopa do Brasil, Campeonato Carioca, Copa do Brasil, Brasileirão e Mundial de Clubes no calendário.
Jogo emotivo e travado
Emoções deixadas de lado e com Bruno Henrique, Plata e Gabigol como trio de ataque, o Flamengo começou a partida explorando o lado esquerdo e impondo o ritmo de um time que claramente jogava por um objetivo: ajudar Gabriel a marcar em sua despedida. Todos procuravam por Gabigol, que lamentava a cada lance que não funcionava.
Escalação: Rossi; Wesley, David Luiz, Léo Ortiz e Ayrton Lucas; Pulgar, Evertton Araújo e Gerson; Bruno Henrique, Plata e Gabigol.
Muito acionado, o lado esquerdo de Bruno Henrique foi responsável pelas principais tentativas na primeira etapa. Mas foi pela direita que o Flamengo criou a sua melhor chance. Wesley descolocou belo cruzamento para Gabigol, que não conseguiu alcançar a bola de carrinho para abrir o placar.
Pouco tempo depois, o Vitória abriu o placar após um vacilo da defesa do Flamengo. Carlos Eduardo cruzou entre David Luiz e Ayrton Lucas, Alerrandro antecipou Rossi - que saiu do gol - e marcou para o time baiano.
O Flamengo seguiu com mais posse de bola, volume de jogo e chances criadas. Apesar disso, não conseguiu impor seu jogo veloz e de trocas de passes rápidos. Mas raras vezes em que conseguiu, assustou a defesa do Vitória, principalmente com Gerson e Plata. Aos 45 minutos, Gabriel saiu da área, abriu espaço e chutou de fora, levando perigo ao goleiro Lucas Arcanjo.
O primeiro tempo terminou 1 a 0 Vitória, mas com o Flamengo somando 61% de posse de bola e dando 10 finalizações (contra apenas quatro do adversário).
Coisas do futebol e a mística de Gabigol
O Flamengo voltou para o segundo tempo errando muitos passes no meio de campo e sem conseguir volume ofensivo. Em menos de 10 minutos, Filipe Luís promoveu duas mudanças: De la Cruz e Michael entraram nos lugares de Evertton Araújo e Bruno Henrique.
Mudanças em segundo plano, o futebol tratou de escrever mais um capítulo da história entre Flamengo e Gabigol. Apagado na partida, o camisa 99 recebeu passe de Pulgar - com menção honrosa ao corta-luz de Michael - para tocar na saída do goleiro e empatar o jogo.
O gol mudou completamente o ambiente no Maracanã. Praticamente na sequência, Gabigol recebeu dentro da área e bateu cruzado. A bola tocou na defesa do Vitória. Aproveitando o momento, Filipe Luís mexeu mais uma vez: Luiz Araújo no lugar de Plata.
Aos 29 minutos, no momento de pressão do Flamengo, foi o Vitória que marcou. Janderson aproveitou erro de De la Cruz, passou por Léo Ortiz e acertou belo chute cruzado fora da área. Não demorou para o Flamengo conseguir o empate com Ayrton Lucas, que tabelou com Pulgar e bateu cruzado.
Placar empatado, a emoção voltou a tomar conta do Maracanã. Aos 35 minutos, Gabigol saiu ovacionado de campo pelos torcedores. Beijou o escudo do Flamengo como retribuição do carinho. O ato marcou o fim da relação de seis anos.
Com Varela, Alcaraz e Luiz Araújo em campo, o Flamengo ensaiou uma pressão nos minutos finais. Mas não passou disso. O empate traduziu um pouco da inconsistência do time ao longo da temporada, além de ilustrar os ajustes necessários de um time que evolui aos passos do trabalho de Filipe Luís.
O Flamengo deixa 2024 com o título do Carioca e da Copa do Brasil, sob a perspectiva de um trabalho promissor de um novo técnico, sem um dos maiores ídolos da sua história, mas com a certeza de que cada despedida é a chance de um recomeço. 2025 está logo ali - e começará a ser pensado a partir do resultado da eleição, marcada para esta segunta-feira.
FONTE: GE