O Instituto Pacto Contra a Fome lançou nesta terça-feira (3) uma campanha nacional para combater o desperdício de alimentos e ajudar milhões de brasileiros que não têm o que comer.
Em todo fim de feira, o problema aparece.
"Chega no fim da feira, aqui tem um monte de... Às vezes, tem um monte de fruta jogada fora, legumes, verduras”, conta o feirante Ourides Barbosa.
É como se o Brasil fosse uma grande feira. Estamos entre os cinco maiores produtores de alimentos do mundo. Produzimos cerca de 161 milhões de toneladas de comida todo ano. O outro lado dessa história conta que somos o 10º país que mais desperdiça alimentos no mundo. Da plantação à mesa, jogamos fora 55 milhões de toneladas de comida por ano. Não dá para fechar os olhos para uma contradição como essa. Não dá para fechar os olhos para uma contradição como essa.
O trajeto do desperdício começa na lavoura, passa pelo transporte dos produtos, pelas indústrias e centrais de abastecimento, mercados, restaurantes, e pelo consumidor. Projetos sociais que tentam mudar essa realidade pegam o que comerciantes descartariam mas ainda está bom para consumo e alimentam crianças e adolescentes. As cozinheiras são treinadas para usar tudo o que chega de doação.
"Eu aprendi a aproveitar as cascas, as sementes. Então, nada se joga fora. Aí eles falam: 'Nossa, eu gostei muito. Vou falar com a minha mãe para fazer'. Então, é muito gratificante isso”, diz a cozinheira Cristina de Amorim.
E nutricionistas ensinam receitas que aproveitam até a parte branca da melancia.
"A gente consegue aumentar o valor nutricional da refeição que é preparada, e também a gente consegue aumentar o volume das refeições que são produzidas. Então, nada vai para o lixo", afirma Natália Rodrigues, nutricionista da ONG Banco de Alimentos.
Quase 9 milhões de brasileiros passam fome. Estatística que o Instituto Pacto Contra a Fome, que reúne representantes de todos os setores, pretende zerar.
"O governo tem um papel fundamental na elaboração de políticas públicas que reduzam o desperdício desde o campo até o consumidor. Hoje, o desperdício custa muito caro para as empresas. E o que a gente está tentando mostrar é que existem caminhos para que você, por exemplo, redistribua esse alimento, reduza o seu custo com a quebra e com a perda. E, além disso, o indivíduo nesse processo de transformação sistêmica puxando todos esses atores para uma responsabilidade compartilhada", diz Maria Siqueira, cofundadora e diretora do Pacto Contra a Fome.
O movimento lançou um guia com dicas para que todo alimento que possa matar a fome de alguém não acabe no lixo.
FONTE: G1