Após mais de um século perdidas, as jóias do rei Tutancâmon, do Egito, foram encontradas em alguns museus do Reino Unido e dos Estados Unidos. A tumba do faraó foi encontrada no final de 1922 e, dentro dela, havia muitos artefatos incríveis, que pertenceram a esse famoso governante.
Especula-se que o arqueólogo britânico, Howard Carter, que liderou a escavação da tumba na época de seu descobrimento, levou essas joias de forma ilegal. O professor de Egiptologia, Marc Gabolde, foi o responsável por identificar e rastrear essas joias. Esse pesquisador utilizou fotos tiradas em 1922 da tumba do rei Tut e comparou as peças nas imagens com aquelas encontradas em museus e locais de leilões.
A partir dessa busca, Gabolde pode reconstruir virtualmente o largo colar que estava no peito de Tutancâmon. O artefato foi dividido e suas partes estão espalhadas em vários locais, muitos ainda desconhecidos. O colar de faience, por exemplo, feito de cerâmica envidraçada, que estava no Metropolitan Museum of Art, em Nova York, e pertencia ao rei Tut foi devolvida ao Egito em 2011. Esse objeto também foi roubado pelo escavador Carter.
Já em 1934, o egiptólogo britânico Sir Alan Gardiner enviou uma carta criticando Carter por roubar a tumba de Tutancâmon. Gardiner só descobriu o roubo quando comparou um amuleto inscrito, que Carter deu a ele, com outros similares da tumba de Tut. Essa análise apontou que o molde desses objetos era o mesmo. Essa carta não foi tornada de conhecimento público até o lançamento do livro “Tutankhamon and the Tomb that Changed the World”, da Oxford University Press, 2022, escrito pelo egiptólogo Bob Brier.
Pesquisadores não sabem o que motivou o roubo das joias
Ainda não se sabe ao certo o motivo que levou Carter a roubar esses artefatos. O professor de Egiptologia da Universidade de Bristol, do Reino Unido, Aidan Dodson, declarou ao Live Science que não acreditava que ganhos financeiros pudessem ser uma motivação. O Dodson pensa é que Carter viu algumas das peças como sendo de “pouco significado” e se autorizou a dar esses artefatos aos amigos. O professor também levantou a hipótese de Carter ter levado as peças para a Inglaterra para realizar algum reparo ou análise.
Dodson ressaltou ao Live Science que, no início do século XX, “a moral arqueológica era bastante diferente”. Porém, Gabolde defende que, independentemente das motivações, as atitudes do pesquisador eram “ilegais”. O Egito tem leis que proíbem a retirada de artefatos arqueológicos do país sem permissão do governo. As leis também afirmavam que os artefatos pertenciam ao Egito, ou seja, Carter não poderia tê-los dado a ninguém legalmente.
Ainda não está claro se outras instituições ou pessoas seguirão o exemplo do Metropolitan Museum of Art, de Nova York, que devolveu os artefatos ao Egito. De acordo com a porta-voz do Museu Nelson-Atkins, Kathleen Leighton, a instituição teria que receber uma reivindicação do governo egípcio, para que ocorra a repatriação. O Museu Britânico, o Museu de Arte de Saint Louis e o Christie’s não responderam se manifestaram sobre o caso e possíveis ações.
Tutancâmon foi o faraó mais famoso do Egito antigo e não teve sua tumba saqueada com o passar dos séculos, motivo que fez com que diversos artefatos do monarca tenham sido preservados. Conhecido também como Rei Tut, ele fez parte da décima oitava dinastia, durante o período da história egípcia conhecido como Império Novo.
FONTE: OLHAR DIGITAL