O tomate, a batata inglesa e o café em pó tem sido os grandes vilões da inflação da cesta básica no acumulado dos últimos 12 meses em supermercados de Campos, com uma média de alta de 125%, 83% e 76%, respectivamente. No mesmo período, em 2021/22, o óleo de soja acumulou também uma alta de peso, em torno de 35%; a farinha de trigo, 26%; manteiga, 18%; e o pão francês, 15%. Com relação aos primeiros cinco meses de 2022, de acordo com o levantamento, os maiores aumentos couberam à batata inglesa (18,5%), leite Longa Vida (10,5%), tomate (10%) óleo de soja (8%) e feijão (8%). A reportagem pesquisou os preços em oito estabelecimentos. (
No ano passado, o preço do tomate custava menos de R$ 6,00; hoje o preço médio está entre R$ 8,00 e R$ 9,00; o café, que em 2021 custava R$ 3,68, hoje subiu para R$ 10,00; a batata custa em torno de R$ 8,00.
O tomate registrou reversão do movimento de alta graças ao aumento de cerca de 15% da oferta em quase todos os estados produtores, o que gerou uma contração significativa do preço final na maioria dos mercados analisados nos cinco últimos meses.
A cenoura também obteve quedas em percentuais acima de 30% em maio, depois da escalada de alta nos três primeiros meses do ano. A oferta elevada em 25% relativa a abril influenciou na baixa dos preços.
Outro item que tem pesado no orçamento do campista é o gás de cozinha. Em dezembro de 2021, o preço médio do botijão do GLP R$/13kg era vendido a R$ 70,00. Seis meses depois, o preço chega a até R$ 118,00 em alguns estabelecimentos de revenda, como informa a Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Combustíveis (ANP). A pesquisa foi realizada entre os últimos dias 19 e 24/06.
O economista Ranulfo Vidigal atribui a inflação dos preços da cesta básica um conjunto de fatores. “Primeiro, não temos mais a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) com uma política de estoques para que o governo possa escoar produtos em alta no mercado e forçar o equilíbrio dos preços porque a visão ultraliberal do ministro Paulo Guedes (Economia) não permite. Ele reza pela cartilha segundo a qual o mercado por si só resolve o problema. Não resolve”, analisou.
Outro aspecto analisado por Ranulfo é a falta de políticas governamentais e incentivos a agricultura familiar. “O governo tem incentivado a agricultura de exportação, que está indo muito bem, enquanto a agricultura familiar que abastece a mesa do consumidor, não tem políticas estimuladoras, como crédito e outros programas de incentivo para produzir mais e baixar os preços”, comentou ainda.
Para o economista, há que se reconhecer a contribuição da conjuntura internacional que também pressiona os preços de produtos como combustíveis, gás de cozinha, trigo, milho ou cevada, “mas faltam também políticas publicas para reduzir os preços destes produtos que contribuem para a alta da inflação”.
Com os sucessivos aumentos nos preços dos combustíveis, em 12 meses, o preço do óleo diesel acumula alta de 53,58%. O da gasolina subiu 31,22%. O etanol chegou a 42,11%. Gás veicular 45,18%. Já a alta acumulada do gás de botijão chegou a 32,34% e do gás encanado em 35,21%. “Hoje já se ouve falar que em algumas cidade o preço do óleo diesel está superando até mesmo o preço da gasolina. Veja que loucura!”, alertou.
Segundo ainda o economista, esta situação pune, ainda mais, as pessoas que ganham menos. O poder de compra continua em queda significativa e tem maior impacto sobre as pessoas mais pobres, mesmo com o auxílio emergencial do governo federal.
“Em outra época, a pessoa recebia R$ 600,00 de auxílio emergerncial e podia até viver mal, mas não passava fome. Hoje passa porque o desemprego é enorme, com muitas lojas fechadas, enquanto o mercado informal é cada vez maior e não comporta todo mundo. A economia não cresce o suficiente para absorver a massa de desempregados, que ainda é gigantesca, algo em torno de 12 milhões de pessoas”.
FONTE: CAMPOS 24 HORAS