O Kremlin rejeitou categoricamente as acusações de que as forças russas foram responsáveis por matar civis em Bucha, sugerindo que as imagens de cadáveres nas ruas eram “falsas”.
Jornalistas da mídia internacional no fim de semana encontraram cadáveres em roupas civis - alguns com as mãos amarradas - em Bucha depois que as forças ucranianas retomaram a cidade nos arredores da capital da Ucrânia, Kiev, do exército russo.
Autoridades ucranianas disseram no domingo que estão investigando possíveis crimes de guerra, enquanto líderes ocidentais explodiram em indignação com as mortes.
Falando a repórteres na segunda-feira, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse que os fatos e a cronologia dos eventos em Bucha não apoiam a versão dos eventos da Ucrânia.
Ele disse que "especialistas russos do Ministério da Defesa identificaram sinais de falsificações de vídeo e várias falsificações", sem dar mais detalhes.
“Exigimos que muitos líderes internacionais não se apressem em acusações abrangentes e pelo menos ouçam nossos argumentos”, acrescentou.
Peskov também disse que os diplomatas russos continuarão com seus esforços para convocar uma reunião do Conselho de Segurança das Nações Unidas para discutir o que Moscou chamou de "provocações ucranianas" em Bucha, apesar de seu primeiro esforço para organizar tal reunião ter sido bloqueado.
Peskov se recusou a comentar se o furor sobre Bucha afetaria as negociações de paz entre Moscou e Kiev, que deveriam ser retomadas por videoconferência na segunda-feira.
Na segunda-feira, o primeiro-ministro polonês Mateusz Morawiecki pediu uma investigação internacional sobre o que chamou de "genocídio" realizado por tropas russas na Ucrânia, inclusive em Bucha.
“Esses massacres sangrentos cometidos por russos, por soldados russos, merecem ser chamados pelo que são. Isso é genocídio e deve ser julgado”, disse Morawiecki a repórteres.
“É por isso que estamos propondo uma comissão internacional para investigar esse crime de genocídio.”
Tal comissão “é essencial se quisermos descobrir a verdade sobre a extensão dos crimes fascistas russos”.
Morawiecki também pediu novas sanções ocidentais contra a Rússia e comparou o presidente russo, Vladimir Putin, a autocratas do passado.
“São necessárias sanções claras e determinadas. Essas sanções não estão funcionando”, disse Morawiecki.
Ele também se dirigiu ao presidente francês Emmanuel Macron, dizendo: “Quantas vezes você negociou com Putin e o que você conseguiu? Não discutimos, não negociamos com criminosos. Os criminosos precisam ser combatidos”.
“Ninguém negociou com Hitler. Você negociaria com Hitler, com Stalin, com Pol Pot?”
Dirigindo-se ao chanceler alemão Olaf Scholz, Morawiecki disse: “Não são as vozes dos líderes empresariais alemães, dos bilionários alemães que provavelmente estão impedindo você de agir, que deveriam ser ouvidas em Berlim hoje, mas as vozes de mulheres e crianças inocentes”.