Sete estudantes que perderam a vaga após um erro na divulgação da lista de aprovados do vestibular da Universidade Federal do Paraná (UFPR) ingressaram com uma ação contra a instituição, solicitando a suspensão do pleito até que a falha seja esclarecida.
Ao todo, 31 estudantes foram substituídos da lista de aprovados, após a universidade identificar que houve um erro na computação das notas de candidatos que pediram recurso na correção da prova de produção textual.
A maior parte dos candidatos substituídos são do curso de medicina, em Curitiba.
A ação, que ainda está sendo analisada pela Justiça Federal, sugere que a UFPR autorize o registro acadêmico dos estudantes que ingressaram com a ação e reserve a vaga dos alunos, com direito a início das aulas, enquanto o caso é investigado.
A universidade informou que abriu um procedimento para apurar a falha, com prazo de 30 dias para conclusão da investigação.
O advogado Ramon Bentivenha alega que o prazo estipulado pela UFPR termina após o período para registro acadêmico, que vai até quarta-feira (8), além do início das aulas, marcado para 20 de setembro.
"Uma sindicância rígida e detalhista, como deve ser, pode perdurar por até 60 dias. Nós reafirmamos a nossa confiança na UFPR, porque esse erro não condiz com uma história de mais de 100 anos de credibilidade. Enquanto perdurarem as investigações, nenhum estudante deve ser prejudicado. É justamente por isso que recorremos ao Poder Judiciário", afirmou.
A Universidade Federal do Paraná disse que irá se manifestar somente depois de análise do departamento jurídico e notificação oficial sobre ação.
Argumentação
Os advogados também afirmam que há indícios de que o resultado ainda contenha falhas. No documento protocolado na Vara Federal de Curitiba, a defesa dos estudantes cita o exemplo do candidato Erykson dos Santos Juliani.
Conforme a ação, Eryckson constava na primeira lista como estudante aprovado para ingressar no primeiro semestre do curso de medicina. No resultado corrigido, o candidato ficou fora dos classificados.
O edital do vestibular prevê que as 154 vagas do curso de medicina sejam divididas em ingresso em dois semestres.
Conforme o documento, 50% dos melhores colocados, incluindo os grupos de cotas, entrariam no primeiro semestre. Já os demais, devem ingressar no segundo semestre.
Os advogados argumentam que Erykson estava entre os 50% melhores colocados, já que apareceu na primeira lista como apto para ingressar no primeiro semestre.
Como o número total de substituições é menor do que a diferença de vagas restantes, a ação afirma que o estudante estaria classificado, pelo menos, para entrada no segundo semestre.
A UFPR afirmou que a lista divulgada no dia 1º de setembro está correta e que os estudantes incluídos indevidamente na primeira lista deverão ter os casos solucionados nas chamadas complementares.
Sobre o caso do estudante citado na ação judicial, a universidade disse que os candidatos concorrem entre si em cada grupo — ampla concorrência e cotas — e que o cálculo de classificação é complexo e não linear.
Correção
A Universidade Federal do Paraná informou que corrigiu o resultado do vestibular após uma falha no processamento de dados.
De acordo com a UFPR, a falha não contabilizou os ajustes nas notas de produção de texto após candidatos solicitarem recurso para uma nova correção. A mudança vale para quem teve o recurso deferido.
Veja a seguir os cursos que tiveram substituição de aprovados:
- Medicina: 21 vagas
- Medicina (Toledo): 4 vagas
- Direito (matutino): 2 vagas
- Odontologia: 1 vaga
- Fisioterapia: 1 vaga
- Biomedicina: 1 vaga
- Medicina Veterinária: 1 vaga
Conforme a universidade, 467 recursos de correção da prova de produção de texto foram deferidos. Apesar disso, um erro no banco de dados não acrescentou as notas da nova correção.
A UFPR informou que só percebeu a falha depois da divulgação do resultado. Por causa do erro, a instituição suspendeu a divulgação do desempenho individual e a abertura do processo de envio dos documentos para o registro acadêmico.
FONTE: G1.COM