Insurgentes do Talibã aumentaram seu controle sobre o Afeganistão nesta sexta-feira (13), dominando a segunda e terceira maiores cidades, enquanto embaixadas ocidentais se preparavam para enviar tropas a fim de ajudar a retirar os funcionários da capital Cabul.
A captura de Kandahar, a segunda maior cidade do país, no sul, e de Herat, no oeste, depois de dias de confrontos, é um revés devastador para o governo, que vê o Talibã se sobrepor às suas forças de segurança.
"A cidade parece uma linha de frente, uma cidade-fantasma", disse Ghulam Habib Hashimi, membro do conselho provincial, por telefone, de Herat, localidade de cerca de 600 mil habitantes próxima da fronteira com o Irã.
"As famílias ou partiram, ou estão se escondendo em casa."
Referindo-se ao polo econômico de Kandahar, no sul afegão, uma autoridade do governo disse à Reuters: "Após combates intensos, no final da noite passada, o Talibã assumiu o controle".
As derrotas atiçam o temor de que o governo apoiado pelos Estados Unidos (EUA) caia nas mãos dos insurgentes, no momento em que as forças internacionais finalizam sua retirada depois de 20 anos de guerra.
Uma autoridade de Defesa dos EUA citou informes da inteligência norte-americana desta semana, segundo os quais o Talibã pode tomar Cabul dentro de 90 dias.
O Programa Mundial de Alimentos das Nações Unidas vê a escassez de alimentos no Afeganistão como "bastante grave" e piorando, disse um porta-voz, acrescentando que a situação tem todas as características de uma catástrofe humanitária.
Das maiores cidades do Afeganistão, o governo ainda comanda Mazar-i-Sharif, no norte, e Jalalabad, no leste e perto da fronteira com o Paquistão, além de Cabul.
Em reação aos avanços do Talibã, o Pentágono disse que enviaria cerca de 3 mil soldados adicionais dentro de 48 horas para ajudar a retirar o pessoal diplomático.
O Reino Unido informou que enviaria cerca de 600 soldados para ajudar os cidadãos a partir. Outras embaixadas e grupos humanitários disseram que também estão retirando seus funcionários.
O Canadá também deve mobilizar forças especiais em Cabul para auxiliar a retirada do pessoal diplomático, relatou a agência de notícias Associated Press.
A Organização das Nações Unidas (ONU) alertou que uma ofensiva do Talibã na capital teria um "impacto catastrófico nos civis", mas não há muita esperança de que as negociações encerrem os combates agora que o grupo parece seguir para uma vitória militar.
FONTE: AGÊNCIA BRASIL